A Carpintaria, espaço experimental da Galeria Fortes D'Aloia & Gabriel no Rio de Janeiro, inaugurou neste sábado (2/9) uma belíssima exposição que confronta trabalhos de duas incríveis artistas, Adriana Varejão e Paula Rego, a maior pintora portuguesa em atividade. Mesmo pertencendo a gerações e continentes distintos, em muitos momentos as duas parecem habitar o mesmo terreno. Visitam com frequência temas relacionados ao universo feminino, revolvendo as camadas mais aparentes e desenterrando aquilo que há de perverso ou oculto nos mitos, narrativas e histórias que usam como ponto de partida. No caso de Paula Rego, 82 anos, essa relação com o campo da ficção é ainda mais evidente. Consagrada como a mais importante pintora portuguesa da atualidade e também como um dos grandes nomes da arte inglesa (mora em Londres desde o início dos anos 1950), ela trabalha sempre em séries, construídas a partir de narrativas de outros autores. No caso desta exposição – sua primeira mostra no Rio de Janeiro –, os trabalhos selecionados se debruçam sobre dois textos: Primo Basílio, de Eça de Queiroz, e Bastardia, de Hélia Correia. A relação de Adriana Varejão com o texto é mais sutil, metafórica. Muitas vezes seu interesse é documental, mais próximo da antropologia e da literatura histórica do que da ficção. São raras as exposições que colocam frente a frente apenas dois artistas. Neste caso, tudo teve início com a grande retrospectiva da obra de Paula Rego que aconteceu na Pinacoteca, em 2011. Desde então a curadora e galerista Marcia Fortes idealizava juntar as duas artistas. O encontro foi concretizado em outubro do ano passado, em Londres. E dali brotou naturalmente a ideia da mostra. A seleção de trabalhos foi quase natural, enfatizando a produção mais recente da artista luso-inglesa. Confiram na galeria de fotos de Felipe Panfili a turma de bacanas que foi conferir a abertura da mostra.
CARPINTARIA Rua Jardim Botânico, 971 – Jd Botânico 22470-051 Rio de Janeiro (21) 3875 5554